A infertilidade afeta milhões de casais em todo o mundo e, por isso, conhecer seus múltiplos fatores é essencial para criar estratégias de tratamento eficazes. Pesquisas recentes indicam que a N-Acetil-L-Cisteína (NAC), amplamente reconhecida pelas propriedades antioxidante e mucolítica, também pode aumentar a fertilidade tanto no sexo masculino quanto no feminino. Sua capacidade de neutralizar o estresse oxidante e modular vias biológicas clave reforça seu papel emergente na saúde reprodutiva.

No homem, os problemas de infertilidade frequentemente relacionam-se com redução na qualidade do sêmen: baixa contagem, motilidade comprometida ou morfologia prejudicada. O estresse oxidativo — decorrente do desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes — danifica o DNA espermático e compromete a viabilidade dos gametas. A NAC, ao restabelecer os níveis intracelulares de glutationa, o mais potente antioxidante endógeno, protege os espermatozoides desse dano oxidativo. Estudos sobre N-acetil-L-cisteína na fertilidade masculina mostram melhora dos parâmetros seminais, especialmente quando utilizada junto a outras terapias ou após cirurgias, como no tratamento de varicocele.

Para as mulheres, em particular aquelas com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), a infertilidade frequentemente surge de disfunção ovulatória e resistência à insulina. Ao utilizar NAC como adjuvante em protocolos clássicos — como a indução ovulatória com citrato de clomifeno — observaram-se taxas de ovulação maiores e probabilidade aumentada de gravidez. Esses resultados podem estar ligados à melhora da sensibilidade à insulina e à redução do estado inflamatório crônico típico da SOP. A investigação sobre N-acetil-L-cisteína para SOP e infertilidade reforça seu potencial específico para essas pacientes.

As vantagens da NAC para a fertilidade justificam-se por uma ação multifacetada: potente atividade antioxidante que protege as células reprodutivas, manutenção da integridade genética, influência indireta na regulação hormonal via modulação de neurotransmissores como o glutamato e impacto anti-inflamatório que cria um ambiente reprodutivo mais favorável.

Embora os achados preliminares sejam promissores, é fundamental adotar expectativas realistas. A eficácia da NAC varia conforme as causas específicas da infertilidade, o estilo de vida e a saúde geral de cada indivíduo. Consultar um profissional de saúde é indispensável para avaliar se sua inclusão no protocolo reprodutivo é apropriada. A pesquisa em andamento sobre o papel da NAC na fertilidade ampliará ainda mais o entendimento de seu potencial terapêutico.