O Povidona-Iodo (PVPI) consolidou-se como pilar nos cuidados contemporâneos com feridas, reunindo ação antisséptica e estímulo ao reparo tecidual. A sua eficácia contra um amplo espectro de microrganismos torna-o peça-chave para impedir infecções em feridas agudas e crónicas, sendo bem documentadas as suas aplicações em gestão de lesões.

Sempre que a barreira cutânea é quebrada, a pele fica vulnerável à passagem de bactérias, vírus e fungos. As propriedades antimicrobianas de largo espectro do PVPI respondem a essa fragilidade, criando um ambiente hostil aos patogénicos. Na formulação, o iodo libertado desestrutura membranas microbianas e desactiva enzimas e proteínas essenciais, cessando rapidamente a sua proliferação. Esse mecanismo é crucial para evitar infecções que retaradam a cicatrização e aumentam a morbilidade.

A ação desinfectante da PVPI destaca-se especialmente em feridas crónicas – úlceras de pé diabético, úlceras venosas ou de decúbito – que frequentemente abrigam bioprotectores resistentes a antibióticos convencionais. Aplicado topicamente, o composto penetra esses biofilmes, reduzindo significativamente a carga bacteriana e favorecendo o aparecimento de tecido novo. Além da capacidade antimicrobiana, estudos indicam que o PVPI pode modular a resposta inflamatória e potenciar actividade celular crítica ao reparo.

Na rotina pré e pós-cirúrgica, o PVPI ocupa papel estratégico. A desinfecção da pele a operar limita a entrada de microrganismos durante procedimentos invasivos, enquanto a sua acção prolongada protege futuras incisões. Assim, recai o índice de infecções do local cirúrgico, traduzindo-se em recuperações mais rápidas e menores custos para o sistema de saúde.

Na prática clínica, o PVPI apresenta-se em soluções, pomadas ou ligaduras impregnadas. Para feridas menores, basta uma limpeza com solução ou aplicação de pomada imediata; já para leões mais complexas, ligaduras impregnadas libertam iodo de forma sustentada, garantindo controlo microbiano contínuo. Contudo, embora o perfil de segurança seja robusto, recomenda-se cautela: uso excessivo ou sobre pele sensível pode causar irritação. A ciência continua a validar novas indicações para complexos de iodo nas feridas, reforçando o lugar do PVPI na prevenção de infecção e na optimização da cicatrização.