A Microcristalina Celulose (MCC) reina absoluta entre os excipientes farmacêuticos, especialmente quando o assunto é compressão direta e aglutinação de comprimidos. No entanto, nem toda MCC é igual. As graduações específicas, como PH 101 e PH 102, possuem características distintas que impactam diretamente o desempenho em formulações. Compreender essas diferenças é essencial para formular produtos de alta qualidade e processos otimizados.

Pharmacel® 101 (PH 101) e Pharmacel® 102 (PH 102) — conhecidos amplamente pelos nomes comerciais — derivam do mesmo processo-base de hidrólise ácida da celulose. As principais divergências residem na distribuição do tamanho de partícula, densidade aparente e, consequentemente, no comportamento de fluxo e compressibilidade. Essas variações, aparentemente sutis, podem definir o sucesso ou ajustes posteriores na linha de produção.

MCC PH 101: especialista em partículas finas

O PH 101 apresenta partículas menores, oferecendo maior área superficial e excelente capacidade de ligação. Tal perfil faz dele a escolha preferencial em granulações por via úmida, onde a umectação eficiente do pó e a formação robusta de grânulos são críticas. Em compressão direta, ele também se comporta bem, equilibrando compressibilidade e desintegração. Contudo, o menor tamanho de partícula pode prejudicar o fluxo, exigendo glidants em algumas formulações.

MCC PH 102: promotor de fluxo superior

O PH 102 possui partículas médias maiores e leve tendência à aglomeração, garantindo fluxo muito mais previsível e estável que o PH 101. Isso representa grande vantagem na compressão direta: o preenchimento uniforme das matrizes ocorre com menor variação de peso e sem a necessidade de tantos auxiliares de fluxo. A ligação e a compressibilidade continuam excelentes, porém o tamanho de partícula maior pode, em certos casos, modificar ligeiramente a desintegração em relação ao PH 101.

Aplicações-chave e pontos de atenção:

  • Granulação por via úmida: PH 101 é preferido graças à maior área superficial que facilita a penetação do líquido aglutinante.
  • Compressão direta: PH 102 lidera quando o fluxo constante e a facilidade de manuseio são prioritários.
  • Compatibilidade com API: Ambas as graduações mantêm ampla compatibilidade com ativos farmacêuticos (APIs) de diferentes classes.
  • Mascaramento de sabor: A natureza inerte e insípida das duas versões auxilia no mascaramento de APIs amargos.
  • Custo-benefício: Ambos são excipientes de alto desempenho a preços competitivos.

Na prática, muitos laboratórios optam por uma combinação de PH 101 e PH 102, aproveitando o forte poder de ligação do primeiro e o excelente fluxo do segundo. Essa abordagem híbrida permite ajustes finos de dureza, friabilidade e tempo de desintegração de cada comprimido.

A seleção correta da graduação de MCC é, portanto, um passo-chave para o sucesso da formulação. Ao entender as nuances entre PH 101 e PH 102, os cientistas farmacêuticos conseguem criar formas farmacêuticas sólidas orais robustas, estáveis e eficazes, garantindo performance desde o desenvolvimento até a administração ao paciente.