O manejo da doença de Parkinson (DP) evoluiu expressivamente nas últimas décadas, e diversas intervenções farmacológicas oferecem alívio dos sintomas debilitantes. Entre elas, os inibidores da MAO-B, como o mesilato de rasagilina, ocupam um nicho específico. Este artigo compara o mesilato de rasagilina com tratamentos habitualmente utilizados—como levodopa, agonistas dopaminérgicos e outros inibidores da MAO-B—, destacando eficácia, perfis de efeitos adversos e posicionamento clínico.

Panorama terapêutico da doença de Parkinson

O principal objetivo da terapia é restaurar os níveis de dopamina ou reproduzir seus efeitos no cérebro. As classes mais relevantes são:

  • Levodopa: Remédio mais eficaz para sintomas motores, funciona como precursor da dopamina. Com uso prolongado, porém, pode provocar flutuações motoras e discinesias.
  • Agonistas dopaminérgicos: Atuam como agonistas diretos dos receptores dopaminérgicos; frequentemente utilizados em fases iniciais para adiar a levodopa, reduzindo flutuações motoras, mas podem causar alucinações, sonolência e distúrbios do controle de impulsos.
  • Inibidores da MAO-B: Nessa classe estão a rasagilina (mesilato), selegilina e safinamida. Estes compostos evitam a degradação da dopamina, garantem alívio sintomático leve e podem postergar o início da levodopa ou potencializar sua ação.
  • Inibidores da COMT: Prolongam o tempo de ação da levodopa, bloqueando sua degradação periférica.

Onde se encaixa o mesilato de rasagilina?

O diferencial da rasagilina é a inibição seletiva e irreversível da isoenzima MAO-B. Em relação aos inibidores mais antigos, apresenta menor incidência de efeitos colaterais e pode ser administrada uma vez ao dia. Comparado à levodopa, proporciona alívio motor menos intenso mas é melhor tolerada a curto prazo e pode retardar o surgimento de complicações motoras induzidas pela levodopa. Quando usada como adição àquelacápsulas), a rasagilina uniformiza as flutuações motoras, aumentando o período 'on' sem discinesia.

Rasagilina versus outros inibidores da MAO-B

A selegilina foi o primeiro representante da classe. A rasagilina, entretanto, considera-se mais potente possui perfil metabólico distinto, evitando metabólitos anfetamínicos que, na selegilina, podem gerar tolerabilidade limitada. Já a safinamida, mais recente, também é empregada como adjunto à levodopa para controlar flutuações motoras, oferecendo alternativa quando o controle sintomático é insuficiente.

Perfil de eficácia e de efeitos colaterais

Levodopa continua a oferecer o maior alívio sintomático, mas traz maior probabilidade de discinesia tardia. Agonistas dopaminérgicos representam um equilíbrio vantajoso no estágio inicial, embora exijam monitoramento para sintomas psiquiátricos e comportamentais. Inibidores da MAO-B, como a rasagilina, proporcionam benefício modesto, mas são bem tolerados; alguns estudos sugerem proteção neuronal e impacto positivo em sintomas não-motores. Conhecer os usos do mesilato de rasagilina, seus efeitos adversos e interações é fundamental para otimizar a terapia.

Conclusão

O mesilato de rasagilina ocupa lugar relevante no arsenal terapêutico da doença de Parkinson. Sua inibição seletiva da MAO-B oferece vantagem distinta no controle de sintomas motores, principalmente como terapia adjuvante à levodopa. Embora não alcance o poder de alívio do levodopa, sua tolerabilidade superior, possíveis atributos neuroprotetores e menor interacção medicamentosa em comparação aos MAOIs clássicos fazem dela ferramenta importante para os pacientes. A prescrição deve embasar-se em avaliação individual da fase e necessidades da doença, bem como nas interações medicamentosas do mesilato de rasagilina.