O impacto da Ivermectina na saúde pública mundial é talvez mais marcante na sua atuação contra as doenças tropicais negligenciadas (DTNs). O fármaco tem sido peça-chave para transformar a realidade de milhões de pessoas afetadas por condições como Oncocercose e Filariose Linfática, revertendo o curso dessas patologias debilitantes.

Oncocercose (Cegueira dos Rios): decorrente do parasita Onchocerca volvulus, transmitido por mosquitos-pretos, a doença provoca coceira intensa, lesões cutâneas e cegueira irreversível. Antes da Ivermectina, controlar a enfermidade era extremamente desafiador. A introdução do medicamento, por meio de campanhas de administração em massa (MDA), mudou o cenário. Uma única dose anual ou semestral reduz significativamente a carga microfilarial nos infectados, interrompe a cadeia de transmissão e diminui as complicações. Graças a isso, vários países já transitaram do controle para a eliminação ativa da enfermidade, com regiões da África e das Américas declaradas livres da doença.

Filariose Linfática (Elefantíase): transmitida por mosquitos, gera edemas dolorosos e deformidades, causando incapacidade crônica e estigma social. A Ivermectina — frequentemente combinada a outros fármacos como o albendazol — é peça central nos programas de MDA, reduzindo a circulação de microfilárias no sangue e quebrando o ciclo de transmissão. Tais iniciativas têm sido decisivas para diminuir a incidência global da LF e aproximar milhões da eliminação completa.

O Programa de Doação Mectizan — parceria entre a Merck & Co. e diversas organizações de saúde — é essencial para garantir o acesso gratuito ao fármaco em comunidades vulneráveis, garantindo que as populações mais carentes possam se beneficiar desse tratamento revolucionário. O sucesso da Ivermectina no enfrentamento dessas DTNs demonstra o poder da inovação científica em prol do bem-estar humano.