O cérebro, devido aos elevados requisitos energéticos que impõe, torna-se especialmente vulnerável a interrupções do metabolismo celular. O dicloroacetato de sódio (DCA), reconhecido pela capacidade de modular vias energéticas, surge agora como molécula promissora na área da neuroproteção, oferecendo possíveis benefícios num amplo espectro de desordens neurológicas e metabólicas.

A investigação sobre os efeitos neuroprotetores do DCA centra-se, sobretudo, em contextos como a acidose láctica — situação em que o acúmulo de ácido láctico resulta de disfunção metabólica. Ao favorecer a oxidação da glicose e melhorar a função mitocondrial, o DCA contribui para normalizar esses processos. A relevância desta regulação estende-se a doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), em que disfunção mitocondrial, stress oxidativo e neuroinflamação constituem pilares patológicos. Estudos recentes indicam que o DCA pode contrariar esses fenómenos, otimizando a dinâmica mitocondrial, reduzindo danos oxidativos e modulando respostas inflamatórias.

Além disso, a influência deste composto em vias de metabolismo energético e resiliência celular está a ser avaliada em acidentes vasculares cerebrais isquémicos e traumatismos craniocerebrais. Mediante o aumento potencial da produção energética neuronal e a atenuação da cascata lesiva disparada na reperfusão isquémica, o DCA pode conferir vantagens terapêuticas. A literatura destaca a sua capacidade de regular espécies reativas de oxigénio (ROS), ativar rotas de sinalização citoprotetora e preservar a integridade da barreira hematoencefálica como alicerces da sua ação neuroprotetora.

Embora os dados preliminares sejam animadores, sublinha-se que o uso clínico do DCA neste domínio permanece primordialmente investigacional. Compreender os mecanismos exatos, calibrar doses específicas e gerir efeitos secundários — como a neuropatia periférica — são etapas cruciais antes da translação para a prática clínica. A exploração contínua do DCA, isoladamente ou em combinação com outros agentes, através de métodos avançados de entrega, poderá originar novas estratégias para condições que afetam o sistema nervoso.